segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Querido Diário

«Como se a minha vida interessasse a alguém» -- comentário céptico que reproduz em síntese um email recentemente recebido.

A equação está mal colocada. A nossa vida interessa muitíssimo. A quem? A nós mesmos para começar. Desde logo, porque é a única de que dispomos. Tanto quanto sabemos nem o gato tem aquelas todas que se diz. E isso leva-nos à segunda permissa. Se só temos uma, pelo menos pelo registo da memória actual, é sobre essa que devemos trabalhar e reflectir. Não necessariamente escrevendo livros, está bom de ver. Há outras formas de auto-conhecimento e reflexão que nos podem conduzir nesse sentido. 
Querido Diário. Hoje usei as minhas palavras e elas libertaram-me.
 
Mas o que sinto, e tenho confirmado, é que, com orientação «oficinal» ou sem ela, o registo literário das nossas memórias é uma das melhoras formas de estruturarmos o pensamento. Sendo, igualmente, um exercício criador que acorda  as «saudades» do futuro que desejamos viver e revelando-nos muito de nós que ignorávamos. Recordemo-nos dos diários de adolescentes que todos ou todas mais ou menos mantivemos. Foram ou não foi uma companhia inesquecível?

E não era para mostrar a ninguém... Até ao dia que os olhámos com o olhar do futuro que se fez presente, e resolvemos partilhá-los com alguém. Ou deixá-los à família. Ou simplesmente, entregá-los às chamas, em privada cerimónia muito nossa. Ou, quem sabe?, publicar o que escrevemos. Por nossa livre decisão.

Créditos da imagem no link: «Keeping Diaries Increasingly Common Among Teenage Girls, Study Finds

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