sexta-feira, 6 de setembro de 2013

O ofício de escrever

Porque é que lhes chamo «Oficinas de escrita» em vez de «Cursos de escrita criativa»? Qual é a diferença? Pessoalmente tanto se me dá que a referência seja feita de uma ou de outra maneira. Mas as palavras têm peso, personalidade própria e justa dimensão. Soa-me sempre a redundância juntar ao vocábulo «escrita» o adjectivo «criativa», pois tenho para mim que toda a escrita, menos a comercial, é um acto de criação.

Porquê «Oficina»? Porque, para lá da inspiração a que cada um pode aceder em vários graus e de múltiplas maneiras, por esforço próprio e dedicação constante, escrever é um ofício no sentido arcaico de termo, onde o verbo é a nossa ferramenta.

Da exposição Scriptorium medieval, Santa Casa da Misericórdia de Coimbra
Par e passo: como iniciar esta aventura, tão exultante e tão penosa quando a levamos a sério; como manusear a palavra, burilar frases e adequá-las ao que queremos dizer; como transformar pensamentos soltos, esquivos como nuvens, ou selvagens como potros bravos, num registo narrador; como encontrar, no fundo de nós, o filão de ouro, a estrela guia, que nos conduza nesse caminho?

Esse é trabalho de oficina. Com vários graus de iniciação onde se trata de estimular e orientar,  mais do que ensinar, cada um a descobrir a sua voz. E a estruturá-la em registo narrativo. Afinal, creio que será isso que muitos, ou bastantes, cursos/oficinas, fazem, seja qual for o nome que utilizem.



 

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